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A segunda lei de mendel e interação gênica

A segunda lei de mendel e interação gênica

Introdução à Genética de Mendel

Gregor Mendel, um monge austríaco do século XIX, é amplamente considerado o pai da genética moderna. Através de seus experimentos meticulosos com plantas de ervilha, Mendel estabeleceu os princípios fundamentais da hereditariedade. Ele formulou duas leis principais: a Lei da Segregação (Primeira Lei de Mendel) e a Lei da Segregação Independente (Segunda Lei de Mendel).

A Segunda Lei de Mendel: Lei da Segregação Independente

Princípios Básicos

A Segunda Lei de Mendel, também conhecida como Lei da Segregação Independente, afirma que os alelos de diferentes genes segregam-se, ou se distribuem, de maneira independente uns dos outros durante a formação dos gametas. Isso significa que a herança de um alelo para uma característica não afeta a herança de um alelo para outra característica, desde que os genes estejam em cromossomos diferentes ou estejam distantes um do outro no mesmo cromossomo.

Leia também: A Primeira Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Caracteres

Experimentos de Mendel

Mendel demonstrou este princípio através de experimentos de diibridismo, onde cruzou plantas de ervilha que diferiam em duas características. Por exemplo, ele cruzou plantas que tinham sementes amarelas e lisas (dominantes) com plantas que tinham sementes verdes e rugosas (recessivas). As plantas da primeira geração filial (F1) eram todas heterozigotas para ambas as características, exibindo sementes amarelas e lisas.

Quando estas plantas F1 foram cruzadas entre si, a segunda geração filial (F2) exibiu uma proporção fenotípica de aproximadamente 9:3:3:1:

  • 9 plantas com sementes amarelas e lisas
  • 3 plantas com sementes amarelas e rugosas
  • 3 plantas com sementes verdes e lisas
  • 1 planta com sementes verdes e rugosas

Esta proporção emergiu porque os alelos para a cor da semente (amarelo vs. verde) segregaram independentemente dos alelos para a textura da semente (lisa vs. rugosa).

As hipótese

Os dados mostravam que, na formação dos gametas, isoladamente, os pares obedeciam à Primei- ra Lei. Mas, quando combinados, os alelos para textu- ra de sementes segregavam-se independentemente dos alelos para a cor de sementes. Assim, um gameta que contivesse um alelo r também poderia conter tanto um alelo v quanto um alelo V. Isso explicava por que uma planta duplo-heterozigota VvRr formava quatro tipos de gameta, em iguais proporções: 1 VR: 1 Vr: 1 vR: 1 vr.

A SEGUNDA LEI

Mendel concluiu que, para duas ou mais carac- terísticas, a segregação independente obedecia sem- pre às mesmas regras. Assim, pôde formular a Segunda Lei da Herança ou Lei da Segregação Independente.

Interpretação e Significado

A Segunda Lei de Mendel revelou a base da variação genética em organismos sexuados. A segregação independente contribui para a diversidade genética, uma vez que permite inúmeras combinações de alelos nos gametas, levando a uma variedade de combinações genéticas nos descendentes.

Interação Gênica

Enquanto as leis de Mendel fornecem uma base para a herança genética, elas não explicam todas as complexidades da herança observadas na natureza. A interação gênica refere-se a situações onde dois ou mais genes influenciam uma característica específica. Existem várias formas de interação gênica, incluindo epistasia, complementaridade, herança poligênica e pleiotropia.

Epistasia

A epistasia ocorre quando a expressão de um gene é mascarada ou modificada pela presença de um ou mais genes diferentes. Os genes epistáticos podem alterar ou suprimir os efeitos de outros genes, chamados genes hipostáticos.

Epistasia
Exemplos de Epistasia
  • Cores de Pelagem em Camundongos: A cor da pelagem em camundongos é um exemplo clássico de epistasia. Um gene determina se a pelagem terá cor (C) ou será albina (c). Outro gene determina se a cor será preta (B) ou marrom (b). No entanto, se um camundongo for cc (homozigoto recessivo para o gene de albinismo), ele será albino independentemente do alelo presente no gene de cor. Aqui, o gene de albinismo é epistático ao gene de cor.
  • Plantas de Milho: Na planta de milho, a cor do grão é determinada por dois genes diferentes. Se uma planta for recessiva homozigota para um desses genes, ela será de cor branca, independentemente do genótipo do segundo gene.

EPISTASIA DOMINANTE

Um alelo epistático, em homozigose ou em heterozigose, inibe o hipostático. Exemplo: coloração das penas de galinhas da raça Leghorn. Nessa raça, os fenótipos são plumagem colorida, condicionada pelo gene B, e plumagem branca, determinada pelo alelo b. O gene epistático I, porém, atua sobre B e inibe a manifestação da cor. O alelo i não tem ação sobre B.

Complementaridade

A complementaridade ocorre quando dois genes diferentes trabalham juntos para produzir um fenótipo específico. Nenhum dos genes por si só pode produzir o fenótipo se o outro gene não estiver presente.

Exemplos de Complementaridade
  • Flor de Ervilha-de-Cheiro: A cor das flores da ervilha-de-cheiro é um exemplo de complementaridade. Dois genes diferentes, C e P, são necessários para a produção da cor púrpura. Uma planta que é recessiva homozigota para qualquer um desses genes (cc ou pp) terá flores brancas, pois ambos os produtos gênicos são necessários para a produção do pigmento púrpura.

Herança Poligênica

A herança poligênica envolve múltiplos genes, cada um contribuindo de forma incremental para uma característica específica. Características poligênicas exibem uma variação contínua, ao contrário da variação discreta vista na herança mendeliana simples.

Exemplos de Herança Poligênica
  • Altura em Humanos: A altura é uma característica poligênica clássica, influenciada por muitos genes, cada um contribuindo com um pequeno efeito sobre a altura final de um indivíduo.
  • Cor da Pele em Humanos: A cor da pele também é determinada por múltiplos genes. A variação na cor da pele resulta da combinação dos efeitos de vários alelos diferentes.

Pleiotropia

A pleiotropia ocorre quando um único gene influencia múltiplas características fenotípicas aparentemente não relacionadas.

Exemplos de Pleiotropia
  • Síndrome de Marfan: Esta síndrome é causada por mutações no gene FBN1, que codifica a proteína fibrilina-1. As mutações afetam vários sistemas do corpo, incluindo o esqueleto, os olhos, o coração e os vasos sanguíneos, demonstrando os efeitos pleiotrópicos de um único gene.
  • Fenilcetonúria (PKU): A PKU é causada por mutações no gene que codifica a enzima fenilalanina hidroxilase. Esta deficiência enzimática leva a múltiplos efeitos, incluindo atraso mental, problemas de crescimento e pigmentação anormal, destacando a pleiotropia.

Aplicações e Implicações da Segunda Lei de Mendel e Interações Gênicas

Agricultura

Os princípios da genética mendeliana e a compreensão das interações gênicas têm enormes implicações na agricultura. A seleção e cruzamento de plantas e animais para características desejáveis são práticas comuns que se beneficiam dessas leis genéticas.

Melhoramento de Culturas
  • Resistência a Doenças: Através do entendimento de como os genes interagem, os cientistas podem desenvolver variedades de plantas que são mais resistentes a pragas e doenças.
  • Produção e Qualidade: Genes que influenciam a produtividade e a qualidade dos cultivos podem ser identificados e manipulados para melhorar as safras.

Medicina

A genética mendeliana e a interação gênica também são fundamentais na medicina, especialmente na compreensão das bases genéticas de muitas doenças.

Doenças Genéticas
  • Diagnóstico e Tratamento: O conhecimento das interações gênicas pode levar ao desenvolvimento de melhores métodos de diagnóstico e tratamento para doenças genéticas complexas.
  • Medicina Personalizada: Compreender como os genes interagem pode ajudar a personalizar tratamentos médicos com base no perfil genético individual de um paciente.

Biotecnologia

A biotecnologia moderna depende fortemente dos princípios da genética mendeliana e das interações gênicas para desenvolver novos produtos e tecnologias.

Engenharia Genética
  • Produção de Medicamentos: Genes que codificam proteínas terapêuticas podem ser inseridos em organismos modelo para produzir medicamentos.
  • Desenvolvimento de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs): Genes que conferem características desejáveis, como resistência a herbicidas ou melhor valor nutricional, podem ser introduzidos em plantas e animais.

Conclusão

A Segunda Lei de Mendel e as diversas formas de interação gênica fornecem uma compreensão abrangente de como as características são herdadas e expressas nos organismos. Essas bases genéticas não apenas elucidam os mecanismos fundamentais da hereditariedade, mas também têm aplicações práticas significativas em campos como agricultura, medicina e biotecnologia. O estudo contínuo da genética mendeliana e das interações gênicas promete avanços contínuos na melhoria da saúde humana, produtividade agrícola e desenvolvimento biotecnológico. A compreensão dessas leis e interações complexas é essencial para a inovação e para resolver muitos dos desafios contemporâneos enfrentados pela humanidade.

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